terça-feira, 24 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Barceloneta e Itaparica




(Fauna de Barceloneta, onde agora faz frio)


Entrevistei o João Ubaldo há uns cinco anos, lá no seu apartamento no Rio. Era para a revista da Tam. Difícil engatar um papo com esse senhor, viu. Ele estava arredio, reclamava de toda pergunta, quando não simplesmente bufava com ares de quem não vai responder, sabe como? Não tive dúvida. Arranquei segurança sei lá de onde, fechei meu caderninho e disse: “que pena, vim de São Paulo só para entrevista-lo, mas vejo que você não está nem um pouco afim. Assim que dou como encerrada minha tentativa. Obrigada”.

Nunca esqueço a cara dele! Ubaldo deu uma bufada pra dentro, respirou fundo e pediu para eu tentar mais uma vez. Ele estava afundado numa depressão, nota-se, mas depois que reabri o caderninho, tudo melhorou. Ele relaxou com a minha postura “eu pergunto” e assumiu seu lugar de “eu respondo”, nem sempre agradável, sei muito bem. E a entrevista foi uma das melhores que já fiz, segundo eu mesma e segundo minha chefe na época, a Mariella.

Tudo isso para dizer que, desde essa entrevista, desenvolvi um carinho especial por esse senhor. Gosto dele, além de gostar do que ele escreve. Li livros dele realmente bons. Outros nem tanto, como convém a qualquer escritor ser humano. “O Albatroz Azul” entra no primeiro rol. É um livro de um homem em paz, curado do alcoolismo e da depressão, mas que nem por isso perdeu a ironia. E como a literatura ganha com a ironia, verdade?

Uma coisa que adorei nesse livro foi a aparente simplicidade das coisas. É o texto de um observador. De alguém que todos os meses de janeiro de sua vida se senta no banquinho da cidade onde nasceu e se permitir conhecer a fauna. Eu adoro fazer isso, embora seja incapaz de passar "todos os meses de janeiro" no mesmo lugar! Ler "O Albatroz Azul" dá vontade de verão, de praia, de brisa quente, de não fazer nada e só observar. Não vejo a hora, aliás.

Vai na resenha, compra o livro e reserva uns dias de janeiro pra não fazer nada, de preferência perto do mar:

http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/2009/11/08/ult5668u123.jhtm


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Anotem esse nome

Micheliny Verunschk

Logo falarei dela aqui e vocês vão ouvir muito por ai. Anotem.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Doces obsessões

Acho até que já escrevi sobre isso aqui: acredito nas obsessões como ponto de partida da produção artística. Os grandes artistas da minha vida (e ai entram escritores, claro, mas também pintores, cantores, cineastas, etc., etc.) eram ou são obcecados. Óbvio, as produções desses seres são contaminadas pela compulsão. E quando alcança a loucura, é o êxtase para mim como leitora.

Assim, li sorrindo "A vida secreta do senhor de Musashi", de Junichiro Tanizaki (Companhia das Letras). São dois livros em um, mas vou me deter aqui no que dá título ao livro: a fictícia história do herdeiro de um clã de samurais que é preparado desde a infância para ser herói. Ainda criança, ele entende o que é a guerra, e o que é o prazer de matar um inimigo. Mais: se encanta com a imagem das mulheres que limpam as cabeças decepadas dos inimigos de maior patentes. Entre o medo e o encanto por aqueles prêmios de guerra, o garoto desenvolve o curioso impulso erótico por cabeças decapitadas. Sensacional.

Resenhei para o UOL e indico a leitura.

Tanizaki (que morreu em 1965) justifica, neste livro, por que é considerado um dos grandes nomes da literatura japonesa.

http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/2009/11/01/ult5668u121.jhtm